segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Estou bem, obrigado!


Muitas vezes amigas e companheiras de treinos me perguntam como estou.
Regra geral esta pergunta traz um certo conforto. Significa que por aí fora existem pessoas que se preocupam com os meus sentimentos e com o meu estado de espírito e que  me querem dar um apoio que para alguém que passa por problemas de fertilidade é algo essencial (a meu ver).
Nada fará uma treinante sentir-se melhor do que saber que existe alguém pronto para lhe oferecer um ombro amigo e uma palavra de carinho. Nem mesmo a torrente de conselhos que muitos optam por dar, mesmo sem que estes tenham sido pedidos.
No entanto, ultimamente, cada vez que me fazem esta pergunta sinto-me um pouco reticente em respondê-la.

Eu sou uma pessoa privada (engraçado visto que tenho um blog), por isso, sempre que me perguntam algo a decisão de responder prende-se com o facto de se estou ou não pronta para ser honesta, porque se for para responder mentiras ou meias verdades possivelmente é melhor ficar calada.
Por esta altura devem estar a perguntar-se porque é que me custa responder a uma pergunta tão simples.
E a resposta é: não sei se as pessoas a quem dou a resposta estão preparadas para a ouvir.

A maioria das pessoas que se interessam e fazem estas perguntas estão preparadas para ouvir os meus desabafos e tristezas, mas será que estão preparadas para ouvir o contrário?
Deixem-me explicar melhor.

Quando alguém tem a empatia suficiente para compreender que a infertilidade é um processo doloroso, que muitas vezes nos rouba uma parte de nós próprios e nos deixa num estado de duvida e desanimo, geralmente é porque passou ou está a passar por algo semelhante e, na maioria dos casos, faz a dita pergunta porque quer ajudar a restabelecer a moral. 
Nos casos em que a pessoa passou pela infertilidade e já a combateu há uma tendência para desvalorizar um pouco a questão porque essa pessoa sabe que mesmo que naquele momento a outra se sinta mal, a probabilidade da sua "hora chegar" é grande e só precisa de ter um pouco de paciência.
Mas nos casos em que a pessoa ainda está a batalhar contra esta condição é normal não compreender como é que a outra chegou a um ponto de aceitação e cair no erro de se comparar a ela e se sentir pior por não conseguir esse mesmo estado.

A infertilidade e os desafios físicos, psicológicos e emocionais que traz são muito semelhantes de pessoa para pessoa, mas ao mesmo tempo, como indivíduos é natural que sejamos diferentes e que por isso seja também diferente a forma como sentimos as coisas, a forma como as captamos e percebemos, a forma como as assimilamos e o ritmo a que estas situações acontecem. Logo duas pessoas que passem pelo mesmo problema, podem ter duas atitudes completamente diferentes num determinado momento.
Não é bom nos compararmos constantemente porque ninguém nem nenhuma situação é igual.

Então como estou?
Estou bem, obrigado! 
Estou a viver uma fase em que aceitei os factos e decidi deixar-me ir com a corrente.
Não sei se esta atitude se vai manter por muito tempo, possivelmente em breve voltarei a regredir e a obcecar e desesperar, a lutar com unhas e dentes e a sentir-me em baixo e depois alto (e depois baixo e depois alto...), mas, por agora, estou bem, obrigado e espero que tu também venhas a estar em breve.

Obrigado a todos aqueles que continuam a oferecer-me o seu ombro, o seu carinho e palavras amigas.


Bons Planos!

4 comentários:

  1. Um dia de cada vez e acredita que em breve vais conseguir realizar o teu sonho, princesa! Beijinhos com saudades Biamarlene

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    1. Claro que sim :)
      Não sei quando mas o dia chegará ;)
      beijinho querida :*

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  2. Como te entendo... um dia de cada vez, ou melhor, às vezes é uma hora de cada vez visto o tempo demorar mt a passar :(

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    1. É isso mesmo.
      Viver um dia de cada vez, lutar ao até ao fim :)

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